segunda-feira, 20 de outubro de 2014

Venha ver o pôr do sol - Lygia Fagundes Telles

Capítulo 2 - Natal na barca


           A história começa falando sobre uma mulher que estava em uma barca desconfortável , voltada por silêncio e trevas , com um velho, a mulher e seu filho, e apenas uma lanterna iluminava-os.
           O velho, um bêbado, deitou-se pelo banco, falava com alguém invisível e agora dorme.A mulher sentada entre eles , estava com uma criança enrolada em panos, era uma mulher jovem e pálida, e tinha um longo manto escuro que cobria sua cabeça.
           Estavam sós, e ela achou melhor não fazer nem falar nada.
           Debruçou na grade de madeira carcomida.Acendeu um cigarro.Ali estavam os quatros, silenciosos como mortos.Contudo, estavam vivos.E era natal.
           Logo as duas mulheres começam uma conversa falando sobre como o rio e quente e verde de manhã.Com seu filho doente, a outra mulher pergunta se o menino era o filho caçula, e a mãe responde que é o único, pois o primeiro morreu no ano passado quando foi fazer uma magica dizendo que ia pular e voar de um muro, que não era tão alto, mas ele caiu de mal jeito... tinha pouco mais de quatro anos.E a outra mulher perguntou quantos anos esse tinha, a mãe logo disse que esse filho vai completar um ano.
           A outra mulher levantou e perguntou se o marido da mãe estava esperando ela, e ela respondeu que seu marido havia lhe deixado, perguntou depois ha quanto tempo?Faz seis meses, por uma carta, disse a mãe totalmente calma.
          Logo percebeu de onde vinha tanta calma.Era a tal fé que movia montanhas...
          Ficou sem saber oque falar, ela levantou a ponta do xale que cobria a cabeça da criança, e deixou cair o xale novamente no chão.O menino estava morto.A mãe então disse que estavam chegando, logo, o dorminhoco acorda, a mulher se inclina , e vê os olhos da criança abrindo.Bom natal!Diz a mãe, colocando uma sacola no braço.O velho, conduzido pelo bilheteiro, reiniciou sua conversa com alguém invisível.Duas vezes ela voltou no rio, e pode imaginar como ele seria verde e quente.